O fígado gordo caracteriza-se pela presença de mais de 5% de infiltração de gordura no fígado e tem um largo espectro de gravidade, desde a simples esteatose (gordura) sem inflamação, à presença concomitante de inflamação (esteatohepatite) já traduzida por alteração nas análises (e histologia, quando realizada), à evolução para fibrose (cicatriz) no fígado, cirrose e suas complicações.

A síndrome metabólica, definida por várias entidades, não é mais do que o somatória de vários fatores de risco para doença cardiovascular, como o excesso de peso/obesidade, resistência periférica à ação de insulina/ diabetes, hipertensão arterial e/ou dislipidemia (colesterol/ triglicerídeos elevados). 

A síndrome metabólica ou as doenças que a constituem individualmente são a principal causa de fígado gordo.

Sim.

O fígado gordo é um problema frequente.

O fígado gordo está-se a tornar rapidamente na causa mais comum de doença hepática crónica, e está agora no topo das causas da cirrose, cancro do fígado e indicações para transplante hepático nos Estados Unidos da América e, rapidamente, no resto do mundo.

Estima-se que cerca de 25% das pessoas em todo o mundo tenham fígado gordo, com maior prevalência nos países do Médio Oriente e América do Sul, e menor prevalência em África.

Entre os doentes com Diabetes mellitus tipo 2, a prevalência de fígado gordo situa-se nos 58% e, entre aqueles com obesidade mórbida, nos 95%.

A biópsia hepática é o “Gold standard”. CONTUDO, atualmente é raramente executada.

Assim, o diagnóstico de fígado gordo assenta na avaliação clínica acurada, exclusão de outras causas (outras doenças do fígado, medicamentos, entre outros), e a sua estratificação na aplicação de “scores” realizados com base nas análises clínicas e no Fibroscan® (exame não invasivo, semelhante a ecografia, que permite a avaliação, ao mesmo tempo, da quantidade de gordura e de fibrose no fígado).

O tratamento do fígado gordo assenta em medidas farmacológicas capazes de controlar os fatores de risco que lhe estão subjacentes (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, etc…), com algumas particularidades na escolha potencial de fármacos que sirvam os dois propósitos:

Tratar a causa (diabetes, por exemplo), e a consequência (fígado gordo), já que nem todos os medicamentos para tratar a causa podem ter o mesmo efeito benéfico no controlo do fígado gordo.

Por outro lado, é fundamental instituir um plano de dieta e de exercício físico. Estes planos são peças chave para a melhoria do prognóstico.

Esta multitude de tratamentos é a base do racional da abordagem do doente por uma equipa multidisciplinar em que se baseia a filosofia da Consulta do Fígado Gordo.

Sim, o fígado gordo pode evoluir para cirrose, que é considerado o estádio último de fibrose (cicatriz no fígado), e suas complicações – hipertensão portal (com varizes esofágicas, ascite – líquido intra-abdominal, confusão – encefalopatia hepática, etc.).

O objetivo da equipa que constitui a Clínica do Fígado Gordo é:

1.  Evitar ou retardar a evolução da fibrose no fígado até à cirrose;
2.  Reconhecer a cirrose numa fase potencialmente sem complicações;
3.  Uma vez tendo cirrose ou fibrose avançada, fazer o despiste sistemático de complicações associadas, nomeadamente o cancro do fígado;
4.  Tratar potenciais complicações associadas à cirrose.

A consulta multidisciplinar do fígado gordo é verdadeiramente vanguardista e concebida para diminuir a inflamação do fígado, potenciar a regressão da fibrose pré-existente, e melhorar os índices de inflamação sistémicos.

Após o diagnóstico de fígado gordo, o doente será avaliado por uma equipa constituída por um Internista, Endocrinologista, Nutricionista e Prof. de Educação Física diferenciado em treino personalizado, com a elaboração de um plano dietético e de exercício físico únicos e dirigidos a cada doente em particular, com reavaliações frequentes.